terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Reverência ao destino

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.


Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sobre beijos...


Adoro os textos da Martha Medeiros desde pirralha... Muitas vezes as palavras dela parecem ter saído de dentro dessa minha cabeça louca! Identificação total... Hoje vou deixar que ela fale por mim:


Ok: a gente quer encontrar alguém bonito, inteligente e espirituoso, alguém que não seja muito exibido nem vaidoso demais, que tenha um papo cativante e esteja parado na nossa. Mas e se beijar mal? Sem chance. Tem que beijar bem, tanto eles quanto elas.

Quando escuto alguém dizendo que Fulano beija bem e Sicrano beija mal, quase volto a acreditar em histórias da carochinha. Beijo é a sorte de duas bocas entrarem em comunhão. Pode um Rafael beijar uma Ana e ser uma explosão vulcânica, e o mesmo Rafael beijar uma Cristina e ser um encontro labial de dar sono. Pessoas não beijam bem ou mal: casais se beijam bem ou mal. Há sempre dois envolvidos.

A definição de um beijo bom é que pode ser questionável, mas quem está no meio do entrevero quase sempre reconhece o ósculo sublime.

Beijo bom é beijo decidido, mesmo que a decisão seja levá-lo devagar ao longe.

Beijo bom é beijo molhado, em que os beijadores doam tudo o que há para doar na cavidade bucal, sem assepsia, entrega absoluta.

Beijo bom é beijo sem pressa, que não foi condenado pelos ponteiros do relógio, que se perde em labirintos escuros já que, é bom lembrar, estamos de olhos fechados.

Beijo bom é beijo que você não consegue interromper nem que quisesse.

Beijo bom é beijo que não permite que seu pensamento tome forma e voe para outro lugar.

E, por fim, beijo bom é o beijo que está sendo dado na pessoa por quem você é completamente apaixonada.

Existe beijo ruim? Existe. Beijo sem alma, beijo educado demais, beijo cheio de cuidados, beijo curto, beijo seco. Mas uma coisa é certa: precisa dois para torná-lo frio ou torná-lo quente. Todo mundo pode beijar bem, basta nossa boca encontrar com quem.

Martha Medeiros

domingo, 21 de dezembro de 2008

Deixa a vida te levar!!!


É fato que ando mais apegada aos detalhes, prestando mais atenção à tudo, vivendo um dia de cada vez... Estive muito incomodada pelo fato de não estar trabalhando, me sentindo improdutiva, inútil... Todo mundo vive tão ocupado: trabalhando, concorrendo, consumindo. E a frase da moda é "Não tenho tempo"! Que prazer sentem ao dizê-la... Como se afirmasse o quão importantes são. Medem-se as pessoas pela quantidade de horas que trabalham, pelo tempo que passam fora de casa, pelo quanto são remuneradas.
Mas, e o tempo para ser? E o tempo para conviver? Estar com os amigos, conhecer os filhos, cuidar de si, não fazer nada...?
Não tô mais nem aí se vão me tachar de preguiçosa, incapaz, encostada. Ter tempo para fazer o que se quer, o que se gosta, CUIDAR DE QUEM SE AMA, hoje em dia é um luxo!
De que adianta amealhar fortuna se não se tem tempo de usufruí-la, se não tem com quem compartilhá-la? De que adianta um bom saldo bancário se não se pode numa terça - feira pela manhã sentar na areia e simplesmente olhar para o mar. Ou fazer uma visita a um amigo que mora na mesma cidade mas que há anos não vemos? Reunir a família à mesa, deitar numa rede pra balançar, comer no seu restaurante preferido (mas comer degustando, mastigando 25 vezes antes de engolir, sentido o sabor de cada ingrediente), afagar um bichinho de estimação, deitar no colo da mãe, fazer cafuné no namorado, cuidar de uma planta, reorganizar o armário (aproveitando para doar o que estiver encostado), passar horas folheando antigos albuns de foto, comemorar cada novo aprendizado de seu filho - rir e aprender com ele -, admirar a lua cheia... Tantas coisas fundamentais à nossa vida (e saúde emocional, é por isso que tanta gente anda depressiva e estressada), mas que vamos aos poucos, sem perceber, deixando de lado.
Foda - se o TER! Eu quero mais é SER! Ser feliz, ser amada, ser capaz de tomar as rédeas da minha vida e conduzir o meu tempo.
A vida passa rápido demais e chega um tempo em que dizer: "Não tenho tempo", torna-se pesado como uma sentença de morte.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Inquietude


Às vezes eu sinto como se carregasse toda a emoção do mundo...
Eu simplesmente não consigo ser indiferente:
Rio, choro, canto, me isolo, rezo, me importo, me divirto, sou toda entrega...
Falar quando não é pedido, calar quando é pra falar, amar quando não é momento, agir sem pensar...
Me derramar em sofrimento - o sofrimento de quem ama -, não saber disfarçar os sentimentos...
Meu sentir não tem limites.
Às vezes queria ser um pouco menos eu!!!

Love is a losing game

O amor é um jogo perdido... Começa com você se perdendo ao bater os olhos numa pessoa que em nada se parece com o seu "tipo" habitual mas que de repente, se torna único no meio de uma porção de gente. Aí você perde as contas das garrafas de cerveja que bebeu pra tomar coragem e falar com ele (momento esse em que você perde a vergonha na cara!!! hehhehe). Perde-se a compostura tomando a iniciativa sem a menor idéia da reação do outro... Perde-se o chão ao olhar aqueles olhos tão de perto e a beijar aquela boca tão perfeita!!! E então... tanta coisa já foi perdida que não custa nada perder o juízo de vez e acompanhá-lo à sua casa... depois disso, o cálculo se inverte: ganha-se em carícias, beijos, prazer!!! Ganha-se a noite, os dias seguintes... e mesmo que nunca mais te veja, ainda assim eu ganho: a experiência.
Em alguns casos, é preciso perder pra se ganhar...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Estrela DEcadente


Nunca tinha visto uma estrela cadente até ontem. Ela surgiu do nada e se jogou lá de cima, coitada! Fiquei com pena, devia ter tendência suicida!!! Foi lindo. Extremamente rápido, mas lindo! É claro que fiz um pedido! Mas não posso contar...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Adeus ano velhooooooo

O final do ano chega e as pessoas ficam mais sensíveis, indulgentes, caridosas... Pena que precise de data marcada para ser fraterno, amoroso, gentil.
No ano novo todos se abraçam – mesmo sem se conhecerem – e no dia-a-dia não são capazes de dar um simples bom dia ao entrar no elevador do prédio.
Com a proximidade do novo ano, também fica impossível não fazer aquela velha reflexão sobre aquilo que se fez, o que se passou, o que se tem a fazer...
Renova – se a esperança, enterram-se as dificuldades e moldamos novas perspectivas. 2008 não foi dos melhores pra mim, mas em contrapartida será inesquecível pela quantidade de dificuldades, “sacolejões”, aprendizados...
Nesse ano, saí da minha zona de conforto e troquei de emprego, mudei de casa três vezes, parei de trabalhar, estive prestes a ir embora dessa cidade que eu amo tanto, fiquei perdida e sem rumo, comecei a enxergar minha família de outra forma - a me enxergar de outra forma também -, passei a conviver com uma nova realidade em relação ao meu filho carregada de muitas dúvidas e conflitos.
Mesmo com tudo isso, pude descobrir que sou bem mais forte do que pensava e que o fardo é sempre proporcional à sua capacidade de carregá-lo. Por isso, além de roupas novas e presentes, 2009 chega com cheirinho de vitória, aquela sensação de “Ufa, consegui, passou...”. Daqui pra frente, o que vier vai ser fichinha.
Um ótimo ano a todos. =OP